domingo, 8 de novembro de 2009

O conhecimento histórico

Para contemplar uma reflexão sobre a proposta de trabalho de Jean Itard com o menino Victor foi sugerido pela interdisciplina da LIBRAS o filme “O menino Selvagem” e textos sobre a história de surdos. Para tanto, foi solicitado uma comparação de situações vivenciadas por Victor com situações da história dos surdos.
O médico Jean Itard, em 1800, utilizou um menino como objeto de investigação científica através da educação. Aparentando ser mudo e surdo, um garoto com idade aproximada entre 10 e 12 anos foi encontrado nas florestas de La Caune, Sul da França.
Como Victor, os surdos foram objetos de curiosidade da sociedade e vistos como sujeitos estranhos a ela, como acontecia na Idade Média. Além disso, consideraram o garoto como “anormal” ou “doente” como os surdos eram considerados pela sociedade. Na Idade Moderna, os mesmos foram submetidos a métodos como “Oralismo puro” criado pelo alemão Samuel Heinicke, assim como foi submetido o garoto Victor. Mas, apesar dos esforços do médico e professor em torno da linguagem oral e a alfabetização, como se observa no filme, o menino não conseguiu falar e a sua evolução não foi significativa provavelmente devido aos métodos inadequados utilizados para aprendizagem.
De acordo com as leituras, na educação de surdos, preponderam dois modelos o clínico e o sócio-antropológico. O modelo clínico enfatiza as práticas discursivas e os dispositivos pedagógicos da patologia e da deficiência, propondo terapias para o desenvolvimento da fala e a cura da surdez. O modelo sócio antropológico opõe-se ao modelo clínico e enfatiza a cultura surda, língua de sinas e a comunidade surda. Se comparado os dois modelos, conclui-se que foi o modelo clinico que Itard utilizou para a educação de Victor. Mas, segundo Skliar (1998, p. 9) são modelos diferentes, entretanto, (...) “mas que transitam, flutuam entre eles como, por exemplo, as significações lingüísticas, históricas, políticas e pedagógicas”.
Quanto as ações governamentais práticas relacionadas a educação inclusiva, ainda caminha em passos lentos, pois convivemos em muitas escolas públicas, com pouco ou quase nenhum material adequado as necessidades de alunos com necessidades educacionais, faltam professores com especialização adequada, capacitação do profissional do ensino regular para a integração desses educandos nas classes comuns. Mas alguns avanços estão sendo contemplados na prática referente à cultura surda como: o reconhecimento da Libras na legislação, criação de escolas bilíngües, cursos de formação de professores especializados.

2 comentários:

Patrícia_Tutora PEAD disse...

Pois é Marta, temos o avanço das libras, porém estamos longe de uma efetiva inclusão nas escolas, como você mesmo mensionou. E a questão do preconceito??? Como você observa esse fator nos dias atuais? Bjss

Marta Cruz disse...

Segundo as leituras referente à inclusão educacional de surdos, é muito questionada, pois atualmente os alunos ainda estão submetidos a práticas de professores ouvintes, e entre esses, muitos não dominam a Língua de sinais. Conforme MOURA, “surge então uma exclusão no que se refere à efetiva participação e autonomia do aluno surdo em aula, mascarada pelo conceito de inclusão”. Apesar da introdução da LIBRAS no currículo de escolas para surdos nos anos de 1990, ainda são poucas as escolas no Brasil que valorizam a pedagogia surda, além disso, através de pesquisa constata-se que é baixo o índice de estudantes surdos no segundo e terceiros graus.
Pode-se inferir que ainda há muito preconceito a qualquer cidadão que tenha algum tipo de necessidade especial, por exemplo, em nossa escola temos um aluno, que até o mês passado era somente portador da síndrome de Espetro de Autismo. Depois de muita insistência, os pais relataram que além de um grau baixo de autismo o menino tem retardo mental o que foi dito pela mãe com muita tristeza. Nessa atitude observa-se que os pais demonstram o receio do preconceito e discriminação que a criança possa vir sofrer na escola.